sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Mancha de tomate

Um menino encardido,cabelo sujo e desalinhado,com vestindo uma blusa rota de time de futebol, remexe o lixo na porta de um verdurão.O cheiro forte de fruta perdida misturar-se ao suor do pequeno desgraçado e o sol quente transorma essa cena numa náusea repugnante, sinto nojo.
As mãozinhas ágeis escolhe o que dá para ser aproveitado e imediatamente separa tudo em uma sacolinha de plástico. Essas ações mecânicas vez por outra é quebrada quando o menino encontra uma fruta de dá-lhe um mordida, antes de colocá-la na sacola medíocre.
Tenho o impulso de ir até ele: perguntar-lhe o nome, a idade... mas a repugnância que sinto do cheiro que ele exala, sobrepõe-se à minha frágil solidariedade.
Tento apagar a cena, entrar e fazer minhas compras,no entanto, o meu olhar ainda se fixa no pequeno ser.
Vejo-o agora lançar fora um tomate podre e instintivamente passar a mão na camiseta imunda. A cor avermelhada fez uma grande mancha bem no meu de seu peito.
Ao ver o tomate sendo jogado fora do lixo, o dono do sacolão corre para repreender o pequeno intruso, o garoto foge como um cão que derruba uma lata de lixo, não olha para trás, esquece-se dos lados. O carro cinza sofre uma pequena bacada com aquele corpinho magricela. A multidão de curiosos se aglomera, não há o que fazer, morte instantânea. Não corro, ando devagar e me aproximo, a mancha de tomate na camisa, parece ter crescido.

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